Anticristo, novo filme de Lars Von Trier, deve estrear em agosto; vencedor A Fita Branca está sem data
Diversos filmes que participaram do Festival de Cannes já têm exibição garantida no Brasil, a começar pelo vencedor da Palma de Ouro: A Fita Branca, do austríaco Michael Haneke, e será distribuído pela Imovision, que ainda não definiu a data de estreia.
Rodado em preto e branco, o longa se passa em um vilarejo na Alemanha antes da 1ª Guerra Mundial e, a partir de acontecimentos estranhos que se passam na comunidade local, revela as raízes dos totalitarismos. A Fita Branca também levou o prêmio Fipresci nesta edição do festival.
Já os direitos do polêmico Anticristo, novo filme de Lars Von Trier, foram adquiridos pela Califórnia Filmes, que anuncia sua estreia para agosto. E, boa notícia, será a versão original do diretor dinamarquês.
Anticristo conta a história de um casal devastado pela morte de seu filho, que viaja para a floresta de Éden onde coisas estranhas começam a acontecer. O filme choca por suas cenas de violência e sexo explícito, mas foi vaiado na sessão de críticos. Mesmo assim, ganhou o prêmio de melhor interpretação feminina em Cannes para Charlotte Gainsbourg.
A Califórnia garantiu também os direitos de À Procura de Eric, de Ken Loach (previsto para dezembro). Já a Imovision exibirá Politist, Adjectiv, de Corneliu Porumboiu; Les Herbes Folles, de Alain Resnais; Coco Chanel & Igor Stravinski, de Jan Kounen; Visage, de Tsai Ming-liang; e The Time That Remains, de Elia Suleiman. Não foram definidas as datas de estreia. de O povo On-line
MUMBAI (Reuters) - Os criadores do filme "Quem Quer Ser Um Milionário?", que chegaram a ser criticados por não fazerem o suficiente pelos atores-mirins indianos pobres que atuaram no filme, anunciaram na quarta-feira que compraram um apartamento para um dos atores, cuja casa numa favela de Mumbai foi demolida recentemente.
O diretor Danny Boyle e o produtor Christian Colson viajaram para Mumbai depois de imagens de Azharuddin Ismail e Rubina Ali em meio aos escombros de suas casas terem sido difundidas pela mídia no mundo inteiro. Autoridades indianas destruíram as casas porque haviam sido construídas ilegalmente.
Sorrindo e abraçando as crianças, Boyle disse que um apartamento foi comprado para Ismail, 9 anos, que representou o personagem Salim quando
criança. E acrescentou que ele e Colson em breve comprarão uma casa também para Rubina Ali, que encarnou a personagem Latika quando criança.
Boyle, que foi criticado por não fazer o suficiente pelas crianças, que vivem na miséria apesar do sucesso do filme, culpou a mídia por elevar as expectativas das famílias.
"Inevitavelmente, a tensão e pressão é gerada pela mídia", disse, depois de saudar Ali e Ismail com um abraço.
"Eles tiveram acesso a um mundo, um mund
o extraordinário e glamuroso e, compreensivelmente, querem que suas vidas sejam completamente transformadas", disse Boyle.
"As casas são uma preocupação. Essa é uma das razões pelas quais criamos a fundação", afirmou.
Criada por Boyle e Colson, a fundação Jai Ho, cujo nome é o da canção do filme que foi premiada, visa pagar pela educação e os custos de vida básicos de Ismail e Ali até completarem 18 anos.
Boyle, cujo romance sobre um rapaz indiano pobre que compete num game show na televisão recebeu oito Oscar em fevereiro deste ano, disse que está pressionando a fundação para encontrar uma casa para Rubina Ali antes da chegada das monções, prevista para 10 de junho aproximadamente.
Um diretor da fundação disse que o apartamento comprado para Ismail é "confortável e fica num bairro bom, próximo de sua escola" e que custou "mais de 2 milhões de rúpias" (42 mil dólares).
"Estamos tentando acelerar o processo de abrigar as famílias em novas moradias, e uma das razões pelas quais criamos a fundação foi para enfrentar emergências como esta", disse Colson.
No mês passado Boyle e Colson doaram 500 mil libras a uma organização sem fins lucrativos para financiar um programa para crianças numa favela na região central de Mumbai, onde boa parte do filme foi rodada.
Em fevereiro a autoridade habitacional estadual anunciou que daria apartamentos às duas crianças, mas, segundo o pai de Rubina Ali, Rafik Qureshi, as famílias não tiveram mais notícias sobre o assunto.
"As crianças fizeram um trabalho tão bom", disse ele. "Elas não receberam nada. Vejam onde estão vivendo."
Filmado em preto e branco,"Das weisse band" nos transporta a um povoado do norte da Alemanha no ano que precede o início da Primeira Guerra Mundial
O cineasta austríaco Michael Haneke foi premiado neste domingo com a Palma de Ouro do Festival de Cannes por "Das weisse band" (The white ribbon), uma arrepiante pintura da sociedade alemã no início do século XX.
Ao receber o prêmio, o diretor agradeceu aos seus produtores "por terem me deixado fazer o filme com total liberdade, o que é raro".
"A felicidade é algo difícil de definir, mas posso dizer que hoje estou muito feliz", acrescentou.
Filmado em preto e branco, com uma narrativa ascética e um rigor fotográfico que corresponde perfeitamente à aspereza da história contada, "Das weisse band" nos transporta a um povoado do norte da Alemanha no ano que precede o início da Primeira Guerra Mundial.
Na pequena cidade, onde a vida é regida pelos rigorosos princípios morais do puritanismo protestante, autoritarismo e submissão formam o eixo de todas as relações: entre os nobres proprietários de terras e camponeses, entre homens e mulheres, entre pais e filhos.
É verão e época da colheita quando começam a acontecer no povoado uma série de agressões inexplicáveis, cujos autores nunca são descobertos: um cabo estendido quando passava o cavalo do médico local, duas crianças brutalmente espancadas, o incêndio de um celeiro e outros.
O mistério faz surgirem rumores - e, com eles, o medo.
Ao mesmo tempo, o professor do povoado vai percebendo comportamentos estranhos em seus alunos, as crianças da pequena cidade, educadas na reverência e na obediência cega aos pais e submetidas a castigos físicos e a humilhações públicas em reprimenda à mais leve falha, em famílias onde gestos de ternura não existem.
"Das weisse band" poderia também se chamar "O ovo da serpente", como a obra do mestre sueco Ingman Bergman, cuja sombra aparece projetada sobre muitas das cenas do filme.
No entanto, Bergman revisitado pela crueza de Haneke é uma mistura explosiva. A lucidez da pintura dessa sociedade, que anos depois produziria o nazismo, é assustadora.
O diretor austríaco, porém, declarou em Cannes que, apesar da história alemã, não quis que seu filme seja considerado uma obra sobre as origens do nazismo. "O que eu mostro poderia ser transportado para qualquer país", afirmou.
"Além da reconstituição de época, eu quis contar a história de um grupo de crianças que são a construção dos princípios de seus pais. (...) Quando alguém acredita possuir a verdade sobre tudo o que é justo, se torna rapidamente inumano: essa é a raíz de qualquer terrorismo político", estimou o diretor.
Veja a lista dos vencedores:
Palma de Ouro "Das Weisse Band", de Michael Haneke
Grande Prêmio do Júri "Um Prophète", de Jacques Audiard
Prêmio do Júri "Fish Tank", de Andrea Arnold e "Bakjwi", de Park Chan-Wook
Prêmio de roteiro "Spring Fever", de Lou Ye
Prêmio de direção Brillante Mendoza ("Kinatay")
Prêmio de melhor atriz Charlotte Gainsbourg ("Anticristo")
Prêmio de melhor ator Christoph Waltz ("Bastardos Inglórios")
Prêmio Câmera de Ouro, para diretor estreante Warwick Thornton ("Samson and Delilah")
Prêmio especial do júri pelo conjunto da carreira Alan Resnais
O ator espanhol Antonio Banderas fará parte do elenco do próximo filme de Woody Allen, que começará a ser rodado em junho ou julho em Londres. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (26) pelo grupo de comunicação Mediapro. Este será o primeiro trabalho de Banderas com o diretor nova-iorquino.
O elenco do filme já tem nomes confirmados como Josh Brolin, Anthony Hopkins, Freida Pinto e Naomi Watts. Após "Vicky Cristina Barcelona", o Mediapro chegou a um acordo para produzir outros três novos filmes em parceria com Woody Allen. Esta nova produção, rodada em Londres, será a primeira delas.
O diretor Quentin Tarantino enviou um esquadrão de bastardos inglórios matadores de nazistas ao Festival de Cinema de Cannes nesta quarta-feira com o filme "Inglourious Basterds", projetado na mostra de produções que competem pela Palma de Ouro.
"É o poder do cinema que vai derrubar o Terceiro Reich!", disse um empolgado Tarantino, que deu a entrevista coletiva pós-première ao lado de Brad Pitt, uma das estrelas de seu elenco.
O novo trabalho do cultuado diretor, que em 1994 ganhou a Palma de Ouro com "Pulp Fiction", traz todas as características marcantes de seus filmes, como os diálogos precisos, a violência extrema, o humor negro e muitas referências a mestres do cinema.
O filme, um dos 20 em competição pelo principal prêmio de Cannes, tem ainda a trilha sonora assinada pelo astro do rock David Bowie.
No "filme de um monte de caras em uma missão", como "Inglorious Basterds" foi brevemente descrito por seu diretor, Pitt interpreta o tenente Aldo, que lidera um esquadrão de soldados judeus americanos que atravessa a França ocupada pelos nazistas tratando seus inimigos com violência e brutalidade.
Aldo diz a seus homens que cada um deve trazer o escalpo de 100 nazistas, e jura aterrorizar o exército alemão com "os corpos decapitados, desmembrados e desfigurados que formos deixando para trás".
Uma história paralela mostra uma menina judia que decide se vingar depois de testemunhar o assassinato de toda a sua família pelos soldados nazistas.
Hitler, Goebbels e outros membros da liderança do Terceiro Reich aparecem no filme, que culmina com uma conspiração estrangeira para derrubar o regime na estreia de um filme de propaganda nazista em Paris.
"É obviamente ultrajante!", brincou Pitt na entrevista desta quarta-feira.
Setenta por cento do filme é ambientado na França e na Alemanha, mas o diretor, de 46 anos, parecia despreocupado com uma eventual rejeição do público americano aos trechos legendados.
"Não sou um cineasta americano, eu faço filmes para o planeta Terra e Cannes é o lugar que representa isso", disse Tarantino, cuja carreira decolou em 1991 com o filme "Cães de Aluguel".
Tarantino, Pitt e outras estrelas devem comparecer mais tarde nesta quarta-feira à premiére de gala de "Inglorious Basterds".
As primeiras resenhas do filme na imprensa se dividiam.
"Quentin Tarantino volta à cena com este grande triunfo hoje", escreveu o The Times de Londres.
Já o Hollywood Reporter escreveu em sua manchete: "Um filme de guerra surpreendente suave do rei das histórias sangrentas?"
"A história não vai se repetir para Quentin Tarantino," afirmou. "'Inglourious Basterds' apenas dá continuidade à série de decepções da competição deste ano".
O elenco estrelado de Tarantino inclui Mike Myers, Eli Roth, Diane Kruger e o irlandês Michael Fassbender.
A história de Wilson Simonal (1939-2000) no cenário da música popular brasileira é bem peculiar. Um dos cantores mais importantes da década de 1960 - sua fama chegou perto da de Roberto Carlos, após se envolver num episódio confuso, no início dos anos 1970, viu sua carreira ruir e caiu no ostracismo.
O documentário "Simonal - Ninguém sabe o duro que dei", que estreia em São Paulo, Rio, Brasília, Belo Horizonte e no Recife nesta sexta-feira (15), investiga a ascensão, a queda e tudo o houve por trás dessa história.
Simonal começou sua carreira em bailes do Exército e se consagrou no final da década de 1960. Suas interpretações de músicas como "Meu limão, meu limoeiro" e "País tropical" (de Jorge Ben Jor) caíram no gosto popular, assim como seu programa de televisão, "Show em Si... monal", exibido pela TV Record, famosa pelos festivais que projetaram Chico Buarque, Elis Regina, Caetano Veloso e tantos nomes da MPB.
Como um artista versátil e popular foi abandonado pelos fãs e perseguido pela mídia? Nas palavras do crítico Nelson Motta, o músico "virou um tabu, um leproso, um pária". A explicação não é simples e envolve uma série de motivos, como revela o documentário dirigido por Claudio Manoel (o humorista do "Casseta e Planeta" que interpreta, entre outros, o Seu Creysson), Micael Langer e Calvito Leal.
Um dos fatores, talvez o mais forte, que deu início ao processo, ocorreu por alguma ingenuidade de Simonal. Em 1971, ele desconfiava que seu contador, Raphael Viviani, o roubava, e pediu que um amigo policial lhe desse uma lição. No entanto, os espancadores pertenciam ao DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), o temido órgão de repressão política, acusado de torturar presos políticos durante a ditadura militar. Para piorar a situação, o inspetor Mário Borges declarou que o cantor era informante da polícia.
Bola de neve
A bola de neve foi aumentando à medida em que órgãos de imprensa, como "O Pasquim", aceitaram tal informação como verdadeira e começaram uma caça às bruxas contra o artista, que perdeu prestígio, amigos e foi perseguido pelo resto da vida.
A surra dada em Viviani rendeu ao cantor, em 1972, uma condenação a mais de 5 anos de prisão, que cumpriu em liberdade. Mas só em 2003 a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) o reabilitou simbolicamente, após uma investigação do caso, a pedido da família. Um documento da Secretaria Nacional de Direitos Humanos revelou que não havia nenhuma prova contra Simonal. Mas já era tarde demais, o cantor morrera havia três anos.
"Simonal - Ninguém sabe o duro que dei" reencontra Viviani e colhe o seu depoimento, que, no fundo, acaba complicando até mais a imagem do cantor no caso da surra. O ex-contador do músico alega que foi torturado até assinar uma confissão falsa, pois os agentes do DOPS ameaçavam sua família. Quando a mulher de Viviani deu queixa de seu desaparecimento, o delegado que investigou a questão chegou ao nome de Simonal.
Premiado no 1º Festival de Cinema de Paulínia (melhor documentário pelos júris popular e oficial) e menção honrosa no É Tudo Verdade do ano passado, "Simonal" conta com uma série de imagens de arquivo e depoimentos de pessoas ligadas ao músico, como Pelé, Miele e Tony Tornado.
Tão logo o longa brasileiro À Deriva foi confirmado na seleção oficial do 62º Festival de Cannes, integrando a mostra Un Certain Regard (Um Certo Olhar), cujo júri é presidido por Paolo Sorrentino, o diretor Heitor Dhalia disse que ir a Cannes era um sonho antigo, de cinéfilo. E acrescentou que o filme, história de uma iniciação, sobre um fundo de praia, é bem diferente dos que fez antes, Nina e O Cheiro do Ralo. "É mais delicado e tem visual mais bonito."
Nos últimos anos, o cinema brasileiro tem se destacado nessa mostra Um Certo Olhar, que muitos críticos consideram a mais ousada e criativa do festival. À Deriva segue a trilha de Cidade Baixa e O Céu de Sueli, de A Festa da Menina Morta, todos exibidos nesta seção prestigiada. Há outro longa nacional na seleção oficial. No Meu Lugar terá sessão especial no palais, um direito que o diretor Eduardo Valente adquiriu quando seu curta Céu Alaranjado ganhou a Palma de Ouro da Cinéfondation.
No Meu Lugar passou em janeiro no Festival de Tiradentes. Fez sucesso de crítica, mas também desencadeou polêmica. Valente, que é crítico, não aprecia o cinema do mexicano Alejandro González Iñárritu e tampouco vê com bons olhos o flerte do cinema brasileiro atual com a favela, como se só existisse esse cenário, para não dizer tema, para refletir o País. Mas o filme dele tem favela e também tem multiplot, aquele tipo de trama em aberto que Iñárritu transformou em sua marca para expressar a Babel contemporânea.
A expectativa por No Meu Lugar é grande. O filme integra uma seleção de obras importantes em exibição especial. Cendres et Sang, longa de estreia de Fanny Ardant; L'Épine dans le Coeur, o novo Michel Gondry; e Dis-Moi Que Tu..., de Suleymane Cissé, são os demais filmes na mostra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Desta vez os ingleses se anteciparam de novo. =D A Working Title Films, responsável por filmes como “Frost/Nixon”, “Queime Depois de Ler” e “Elizabeth: A Era de Ouro”, anunciou que está trabalhando em um documentário sobre Ayrton Senna. Ainda sem nome definido, o filme contará a história de Senna a partir do ponto de vista de familiares e de pessoas se envolveram profissionalmente com o piloto dentro da Fórmula 1.
Este não será o primeiro documentário dedicado ao Senna. Em 1998, Ellen Goosenberg Kant dirigiu A Star Called Ayrton Senna (Uma Estrela Chamada Ayrton Senna), que foi lançado em DVD no Brasil mas já está fora de catálogo. Você pode assistí-lo em trechos no YouTube, ou através dos downloads da vida.
Documentários sobre Fórmula 1 ficaram um pouco escassos nos últimos 10 anos. Acho que o resultado deste novo filme pode ficar um pouco parecido com o primeiro documentário, mas tudo depende do ângulo a ser tratado. Esperemos. Não há previsão para estreia do documentário. O início das filmagens está programado para o próximo mês de maio. Talvez não seja a única notícia que teremos de Senna em 2009, já que em maio completam-se 15 anos da morte dele na pista de Ímola, em 1994.