quinta-feira, 20 de agosto de 2009
'Brüno' chega ao Brasil em versão mais leve, mas ainda polêmica
Aqui no Brasil, a pedido do próprio Cohen, a versão exibida será mais leve do que a tradicional, com cerca de um minuto a menos. A intenção do ator, que colocou cópia idêntica na Austrália, era conseguir que a indicação para o filme fosse menos que 18 anos -o que não aconteceu. Até porque "Brüno" continua, mesmo editado, mostrando close de órgãos genitais e cenas de sexo.
O protagonista vivido por Cohen é um homossexual austríaco, apresentador de um programa de televisão especializado em moda, obcecado por celebridades e fama. A sua demissão, por conta de alguns incidentes, serve de desculpa para Brüno sair em busca do mundo e conquistá-lo. Dos Estados Unidos ao Oriente Médio, com uma rápida parada na África, o personagem leva por onde passa o humor sem limites -- muitas vezes hilário, outras, grosseiro.
Em 2006, com "Borat - O segundo melhor repórter do glorioso país Cazaquistão viaja à América", Baron Cohen elevou o patamar do politicamente incorreto e do ofensivo com seu repórter cazaque numa cruzada pelos Estados Unidos a fim de compreender e desvendar o American way of life. "Brüno" não é muito diferente, mas, em alguns momentos, o ator parece ter perdido o limite. O personagem quer ser "o maior superstar austríaco desde Hitler".
Dirigido por Larry Charles, o mesmo de "Borat", a comédia é precisa ao criticar o culto às celebridades instantâneas -- um fenômeno que atingiu proporções assustadoras nos últimos tempos. Aqui, novamente, boa parte da graça vem de pessoas que não são atores reagindo às provocações de Brüno -- todas feitas num tom muito sério, como se fosse real.
Na fashion week da Áustria, antes de ser demitido, o personagem entrevista uma modelo e pergunta sobre as dificuldades da profissão -- entre as quais, a de colocar o pé direito na frente do esquerdo, e vice-versa, ou seja, o simples ato de andar. A moça seriamente concorda que, realmente, é muito difícil.
Num mundo fútil que cultua o superficial, Baron Cohen não poupa ninguém. Em sua escalada rumo à fama, Brüno lança um programa de entrevista e convida a cantora Paula Abdul para falar sobre seus trabalhos humanitários e como eles são vitais para ela -- tudo isso enquanto está sentada nas costas de um mexicano que lhe serve de cadeira.
La Toya Jackson também estava no talkshow, mas, após a morte de Michael Jackson, sua cena foi cortada. Em outros momentos, o rapaz tenta estabelecer a paz entre israelenses e palestinos, que culmina num canto, cujo refrão é algo como Brüno, a pomba da paz.
Nem políticos americanos são poupados. Ron Paul, aspirante à Presidência dos EUA, certamente não sabia com quem se envolvia ao aceitar participar de uma entrevista com Brüno, que termina num quarto de hotel com o entrevistador tentando fazer um filme pornográfico com o ex-candidato.
É uma máxima maquiavélica: os fins justificam os meios. Se, por um lado, Brüno encarna um clichê atrás do outro, por outro, seu objetivo -- o de expor, entre outras coisas, a homofobia norte-americana -- parece desculpar esse mesmo sentimento do próprio filme. Talvez, o que pese contra o longa é que, ao contrário do ingênuo personagem Borat, Brüno não mede esforços para conquistar a fama e acaba sendo tão desnecessário quanto o preconceito que ele quer expor.
(Cine Web - Por Alysson Oliveira)
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